Em 1885, a criação da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba abriria um importante canal de desenvolvimento econômico e social para a capital da província do Paraná. Com isso, a ferrovia também precisava de uma infraestrutura adequada para receber os trens – com seus passageiros e cargas – vindos do Litoral. Porém, a finalização da estação, que fica no prédio histórico onde hoje é o Shopping Estação, só aconteceria quase um mês após a primeira viagem oficial da linha.
Cinco anos após a abertura da Estação, Curitiba tinha uma população de aproximadamente 24 mil habitantes. Já em 1900, a população da cidade ultrapassava a marca de 50 mil habitantes. Neste período, os trens foram fundamentais nos ciclos econômicos da madeira, erva-mate e café.
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A semelhança com as estações italianas
No início das obras, dois locais foram considerados para sediar a estação: um ficava na área onde de fato o terminal foi construído, e o outro ficava no chamado Campo dos Schmidlin – atual Rodoferroviária. No entanto, o segundo foi descartado na época por ser um local úmido e sujeito a inundações, pois estava próximo ao Rio Belém.
A estação foi inspirada nos modelos italianos de baixo custo: térrea, com linhas simples, três portas para acesso dos passageiros e um relógio no alto da fachada. Além disso, faziam parte do terminal abrigos para locomotivas e vagões, oficinas de manutenção e um reservatório de água para abastecer as "marias fumaças".
Usando as mesmas fundações e paredes, o projeto do engenheiro de origem italiana Michelangelo Cuniberti foi reinaugurado em 1894 com dois pavimentos. Na época, o movimento de passageiros possibilitou o surgimento das linhas de bondes de mulas, hotéis e pensões no entorno. A região onde hoje é o bairro Rebouças se tornou a área fabril de Curitiba, com destaque para as fábricas beneficiadoras de erva-mate, como a Matte Leão.
Em 1918, os escritórios da empresa foram transferidos para outro local e o edifício passou por reformas que incluíam a criação de um salão nobre. Já em 1949, as diversas instalações de manutenção foram transferidas para onde hoje é a Vila Oficinas. No entanto, a estação foi desativada com a inauguração da Rodoferroviária, em 1972. Com isso, a estação de Curitiba ocupou o antigo Campo dos Schmidlin. Desde 1984, a antiga estação da Praça Eufrásio Correia sedia o Museu Ferroviário.
Museu Ferroviário: uma parte do Shopping Estação
Instalado na antiga Estação Ferroviária de Curitiba, o Museu Ferroviário expõe um acervo que colabora para o resgate histórico da memória ferroviária do Paraná, que começou em 1885 com a inauguração do trecho Paranaguá-Curitiba.
Com mais de 600 peças, o museu é único por possuir itens curiosos, como um grande livro usado para a contabilidade da antiga estação. Além de parte do acervo da RFFSA, como uma locomotiva do início do século XX e um vagão dormitório que serviu para hospedar o ex-presidente Getúlio Vargas, há relógios, telefones, telégrafos e objetos do interior dos trens – bagageiros, fechaduras e luminárias da época.
Hoje, o museu faz parte das instalações do Shopping Estação.
Maria Fumaça: um espaço para leitura
Para os amantes de história, um dos espaços culturais de Curitiba é a biblioteca do Museu Ferroviário. Original de 1908, a Maria Fumaça abriga cinco mil títulos – documentos, livros técnicos e periódicos – que contam a história da antiga Estação Ferroviária, que ligava Curitiba a Paranaguá no período entre 1885 e 1972. Vale lembrar que empréstimos não são permitidos, uma vez que todo o acervo é histórico.
Que tal fazer uma visita ao único museu do Brasil instalado dentro de um shopping? Em período normal, o Museu Ferroviário funciona de terça-feira a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos, das 11h às 19h, com entrada gratuita.