Um homem visionário é aquele que enxerga à frente do seu tempo. Esse era o conceito que cercava a vida de Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá, responsável por construir a primeira ferrovia brasileira. De olhar promissor e pensamento revolucionário, ele foi o primeiro grande empresário nacional, pioneiro em empreender e apostar na industrialização no Brasil do século XIX. Além disso, também foi comerciante, armador, industrial e banqueiro.
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Uma infância conturbada
Irineu nasceu em 28 de dezembro de 1913, em Nossa Senhora do Arroio Grande, no Rio Grande do Sul. Seu pai e sua mãe eram proprietários de uma estância de criação de gado. Aos cinco anos de idade, ficou órfão do pai, que teria sido assassinado por ladrões que roubavam gado na região.
Pouco tempo depois, sua mãe se casou novamente e o marido não aceitava os filhos do primeiro casamento, que foram obrigados a sair de casa. A irmã de Irineu se casou às pressas com apenas doze anos; já o menino, aos oito, teve que morar no Rio de Janeiro com seu tio, que era comandante da embarcação da marinha mercante e transportava charque e couro em seu navio, foi aí que começa a sua história de sucesso.
No Rio de Janeiro, o menino começou a trabalhar aos nove anos de idade como caixeiro de um armazém em troca de comida e moradia. Conseguiu seu segundo emprego no ramo, porém pouco tempo depois, durante a crise do Primeiro Reinado, seu patrão perdeu os bens para o credor escocês Richard Carruthers. Ele contratou o jovem garoto para ser caixeiro da Companhia Inglesa Carruthers, especializada em importação e exportação de mercadorias.
O futuro Visconde então teve que aprender inglês, técnicas comerciais e contabilidade, começou a se destacar até chegar ao posto de gerente. Em 1836 se tornou sócio da companhia.
Mauá, o modernizador
Com o passar do tempo, Irineu acumulou capital ao longos de seus anos de trabalho na Companhia e após uma viagem para a Inglaterra em 1840, começou a observar o cenário dos empreendimentos capitalistas que se instalavam com o avanço da Revolução Industrial. Cinco anos mais tarde, decidiu vender sua parte na sociedade e adquiriu uma pequena fundição em Niterói (RJ), construindo um estaleiro e iniciando no Brasil a indústria naval.
Seu patrimônio teve um grande crescimento, e ele começou a investir em empresas que aceleravam a modernização do Brasil. Um de seus empreendimentos foi a canalização do rio Maracanã, em 1850. No ano seguinte, fundou a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro e, em 1852, inaugurou a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas e a Companhia Fluminense de Transportes; foi o responsável também pela construção de muitos navios usados na Guerra do Paraguai (1864 - 1870).
Mauá e as Ferrovias
Em 30 de abril de 1854, foi fundada a estrada de ferro Mauá ─ primeira ferrovia do Brasil ─, ligando o Porto de Mauá (na baía de Guanabara) e a estação de Fragoso, na encosta da Serra da Estrela. A linha férrea possuía 14,5 Km (mais tarde ampliada para 15,16 Km) e no dia da inauguração a locomotiva apelidada de Baroneza percorreu o percurso em 23 minutos. O evento contou com a presença de Dom Pedro II, que deu ao empresário o título de barão de Mauá, que após 20 anos se tornaria Visconde. Esse trecho fazia parte de um projeto maior, que visava a ligação da região cafeicultora do vale do rio Paraíba em Minas Gerais ao porto do Rio de Janeiro.
Em homenagem ao Imperador, Mauá inaugurou em 1858 a Estrada de Ferro Dom Pedro II, que atualmente leva o nome de Central do Brasil. Essa linha unia as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, e oferecia fretes mais baixos.
Outra grande colaboração de Mauá foi o custeio, em 16 de fevereiro de 1867, da estrada de ferro São Paulo Railway (atual ferrovia Santos-Jundiaí), a quinta ferrovia construída no País. E viria ainda a custear a Recife and São Francisco Railway Company, que liga Recife à Vila do Cabo.
Com sua atitude visionária, o Visconde de Mauá chegou a comandar 8 das 10 maiores empresas do país. Além de tudo, era defensor do abolicionismo, e também se destacou na política com seu caráter liberal. Mauá é lembrado até hoje como símbolo da modernização e da revolução, pioneiro na inovação do Brasil.
Se hoje temos as indústrias e estradas de ferro devemos agradecer ao Visconde de Mauá!
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