Com o avanço da Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII, e depois com o desenvolvimento do transporte ferroviário na Inglaterra em 1830, as primeiras ferrovias do Brasil passaram a ser a ideia central de investimentos para ampliar o crescimento econômico do Brasil, durante o reinado do Imperador Dom Pedro II.
De lá para cá tivemos uma longa série de avanços e transformações. Quer ficar por dentro dessa história? Vamos contá-la a seguir.
Primeiros passos
A primeira tentativa de implantar uma ferrovia nas terras tupiniquins foi em 1832, com a criação de uma empresa anglo-brasileira para transportar cargas. O trecho proposto ligava a cidade de Porto Feliz (no interior de São Paulo) ao porto de Santos, e a ideia era diminuir os custos de exportação. Infelizmente o projeto não teve apoio do governo imperial e não foi adiante...
Em 1835, a Lei Imperial nº 101, que foi promulgada pelo regente Diogo Antônio Feijó, incentivava e concedia privilégios por 40 anos para quem construísse estradas de ferro ligando o Rio de Janeiro às capitais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. O incentivo não teve nenhum investidor, por causa das poucas garantias de lucro. Um ano depois, a Província de São Paulo recebeu um grupo formado por ingleses e brasileiros para fazer estudos de viabilidade para construir a primeira ferrovia no Brasil. Mais um projeto frustrado, porém.
Outra tentativa sem sucesso foi registrada em 1840, quando o médico inglês Thomas Cockrane recebeu uma concessão para fazer a ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto não empolgou os capitalistas ingleses convidados a participar do empreendimentos: eles não investiram por desconfiar da empresa do médico (que, não podemos negar, tinha um caráter duvidoso).
Finalmente, os primeiros trechos
O Decreto-Lei 641, que oferecia grandes vantagens econômicas, despertou o interesse de investidores por todo o mundo a apostar na construção das ferrovias brasileiras. A Inglaterra foi o país que mais colaborou com a construção das estradas de ferro brasileiras.
Pouco antes do Decreto-Lei 641 entrar em vigor, o empresário de visão revolucionária Irineu Evangelista de Souza (futuro Visconde de Mauá), construiu a em 30 de abril de 1854, a primeira ferrovia do Brasil! Mauá se tornou o grande nome no avanço das estradas de ferro brasileiras: ele iria participar, direta e indiretamente, da construção de outras nove ferrovias.
No dia 8 de fevereiro de 1858, os ingleses inauguraram a segunda ferrovia no Brasil, a Estrada de Ferro Recife ao São francisco (ou The Recife and São Francisco Railway Company). O trecho inicial tinha uma extensão de 31,5 quilômetros, em bitola estreita (1 metro) e ligava Cinco Pontas, em Recife, a Vila do Cabo, em Pernambuco. A construção, porém, não foi nada fácil, e só terminou em 1862. Em 1901, a concessão foi dada à empresa inglesa Great Western of Brasil Railway Co.
A Estrada de Ferro Dom Pedro II foi inaugurada em 29 de março de 1858. Construída com bitola de 1,600 metro, o trecho inicial tinha uma extensão de 47,21 quilômetros e ligava a Estação da Corte a Queimados, no Rio de Janeiro. Foi uma das mais importantes obras da engenharia ferroviária do Brasil!
Outro importante avanço ferroviário foi a construção da São Paulo Railway Ltd, em 1867, a primeira Ferrovia do estado de São Paulo que ligava o porto de Santos à cidade de Jundiaí. Em 1877, os trilhos paulistas uniram-se a Estrada de Ferro Dom Pedro II.
No sul, o desenvolvimento ferroviário começou nas décadas de 1870 e 1880. No estado do Paraná, a estrada de Ferro Paraná foi construída pelos irmãos Rebouças em 1885, ligando as cidades de Curitiba e Paranaguá. Uma verdadeira engenhosidade, que corta a Serra do Mar que está em atividade até hoje. No Rio Grande do Sul, a primeira ferrovia foi inaugurada em 1874, ligando as cidades de Porto Alegre a São Leopoldo.
As primeiras ferrovias foram fundamentais para escoar a produção agrícola brasileira (o café era a principal) e os minérios, levando as mercadorias até os primeiros portos do Brasil. Hoje em dia, o transporte ferroviário brasileiro (segundo os dados de 2015 da ANTT) conta uma malha ferroviária de 30.576 quilômetros de extensão e o governo atual prevê grandes investimentos para o setor.
E aí, gostou de aprender mais sobre a história das ferrovias brasileiras? Quer sugerir algum tema para novos artigos? Diga nos comentários!