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Evolução dos trens sanitários: do século XIX ao novo coronavírus

Evolução dos trens sanitários: do século XIX ao novo coronavírus
Francine Wagner
jun. 16 - 5 min de leitura
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Usado na França para evacuar pacientes com COVID-19 para regiões menos afetadas, o trem-bala transformado em hospital móvel é herdeiro direto dos trens médicos inventados no final do século XIX.

Segundo o historiador Clive Lamming, a primeira vez em que se usou trens para tratar soldados feridos foi na Itália, em 1848. O procedimento foi visto novamente durante a Guerra da Crimeia, em 1855, a Guerra Civil Americana (1861-1865) e a Guerra Franco-Prussiana de 1870.

Sociedade Francesa de Ajuda aos Militares Feridos 

Em 1873, a Sociedade Francesa de Ajuda aos Militares Feridos apresentou o modelo de “trem-médico” na Exposição Universal de Viena. O trem era composto por um vagão-médico, uma farmácia, três “vagões-ambulância”– já exibidos na exposição de Paris de 1867 – com beliches, ou bancos, para os feridos, um refeitório e uma cozinha.

No ano de 1889, a França criou cinco trens sanitários permanentes com base no modelo exposto em Viena. Compostos por 23 vagões (16 destinados aos feridos acamados), os trens foram fornecidos pelas principais redes ferroviárias francesas e colocados sob a direção do serviço militar médico.

Porém, a quantidade de trens disponibilizados se tornou insuficiente diante do número de feridos durante a Primeira Guerra Mundial. De acordo com a companhia ferroviária francesa SNCF, foi então que os trens de passageiros clássicos começaram a ser adaptados para transportar os feridos.

Já em 1918, os trens  sanitários apareceram. Bancos e paredes dos compartimentos podiam ser removidos para dar espaço às macas. Ainda de acordo com a SNCF, essa opção era a norma até os anos 1980.

Em tempos mais brandos, esses trens também transportavam pacientes que podiam viajar apenas deitados e acompanhados por uma equipe de cuidadores.

 

O papel do Trem Sanitário

                                                                             

                          Fonte: https://2nd-division.com/_div.misc/2nd.sanitary.media.ht

Os doentes e feridos, após receberem tratamento de emergência do corpo médico, batalhão ou unidade de apoio, eram evacuados para a próxima fase de atendimento médico dirigido, fornecido pelo Trem Sanitário da divisão de infantaria. Esta unidade de 950 homens consistia em:

  • Sede do trem;

  • Seção de Ambulância;

  • Seção do Hospital de Campo;

  • Enfermarias do acampamento;

  • Unidade de Suprimento Médico Divisional.

O papel do Trem Sanitário era fornecer assistência médica para toda a divisão por meio de suas seções de ambulância, enfermaria e hospital de campo.

A Seção de Ambulâncias consistia em uma sede, uma companhia de cavalos e três ambulâncias a motor. Seu objetivo era transportar homens das Estações de Auxílio ao Batalhão para a Seção do Hospital de Campo. Se o tempo de viagem entre os pontos de coleta e o hospital fosse muito longo, deixando um homem sem vigilância, as Seções de Ambulância estabeleciam pontos intermediários que permitiam a continuidade dos cuidados médicos de emergência chamados Vestiários.

As quatro empresas da seção possuíam 12 ambulâncias puxadas a cavalos e 36 motorizadas. Em 1918, a experiência operacional provou que a ambulância a motor era confiável e eficaz para evacuar pacientes próximos à frente, desde que as estradas não estivessem muito danificadas.

A empresa de ambulância puxada a cavalos estava em reserva, pois embora pudessem viajar em terrenos intransitáveis ​​para veículos a motor, eles eram lentos e os cavalos se cansavam rapidamente.

A implementação do Trem Sanitário da 82ª Divisão de Infantaria em setembro de 1918 para a ofensiva de St. Mihiel ilustra como as unidades do trem podem ser colocadas para apoiar uma operação como essa.

No início da operação, uma empresa de ambulância a motor, AC 327, foi colocada em Dieulouard com o Hospital de Campo 328. Ao sul de sua posição, os AC 325 e 328 estavam em alerta e em reserva em Millery com os outros três hospitais de campo, enquanto o AC 326 ficava na retaguarda em Marbach.

À medida que a batalha avançava, o CA 327 foi transferido para o norte, para Blénod, em 7 de setembro, e para Norroy, em 16 de setembro. Essa mudança de local ilustra a missão principal da empresa de ambulâncias, que era manter contato constante com as Estações de Ajuda do Batalhão em movimento, para evacuar seus pacientes em tempo hábil para os hospitais de campo do Trem Sanitário.

Exercício de medicina

É importante salientar que a SNCF mantinha permanentemente vagões-ambulância, os quais permitiam o transporte de passageiros em camas, ou em macas. Por exemplo, pessoas em peregrinação para Lourdes foram as principais usuárias desses trens até serem reformados em 2014.

Em maio de 2019, o exercício anual de medicina para catástrofes organizado pelos serviços de emergência e hospitais na França atualizou o conceito de trem-médico. O TGV Duplex – trem de alta velocidade – foi usado em Paris para atender vítimas de um atentado (fictício) em Metz.

Em março deste ano, o trem-bala foi adotado para transportar pacientes com COVID-19 das regiões norte, leste e de Paris para hospitais menos saturados no restante do território francês.

 


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