A rede ferroviária é responsável por movimentar aproximadamente 20% do escoamento de toda as mercadorias no território brasileiro. Não é à toa que, entre os segmentos do sistema ferroviário, o de transporte de cargas é o que mais capta investimentos de infraestrutura.
A Ferrovia Norte-Sul (FNS) é um importante eixo para a logística do país e passou por várias concessões desde o seu projeto inicial. A cada governo, uma nova “inauguração” acompanhada de promessas foi feita, porém até a data de hoje, a ferrovia não começou a operar completamente.
Vamos embarcar na história da Ferrovia Norte-Sul?
O começo
Projetada para ser a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro, a Ferrovia Norte-Sul (também referenciada pela sigla EF-151) começou a ser pensada em 1987 durante o governo de José Sarney. O objetivo sempre esteve ligado a ampliar a capacidade de transporte de cargas, interligando as principais malhas ferroviárias de todas regiões do Brasil. O traçado inicial – que está em operação parcial – liga os estados de Goiás, Maranhão e Tocantins com uma extensão de aproximadamente 1.500 km.
A ferrovia longitudinal possuirá uma extensão total de 4.115 km atravessando os estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul. Deve conectar-se também às malhas ferroviárias que acessam os principais portos e as regiões produtoras do país, até mesmo as mais isoladas.
Construída em bitola larga, a infraestrutura da FNS permite que o trem viaje por uma velocidade máxima de 83 km, em um raio mínimo de curva de 343 metros e rampa máxima de 0,6 %.
As concessões
Inicialmente, as obras da Norte-Sul eram de responsabilidade do governo, e vêm se arrastando há mais de 30 anos. Porém, em 2007, o governo de Lula, por meio do Programa de Revitalização das Ferrovias, deu a primeira concessão mediante a um leilão para a empresa VALEC, com validade de 30 anos de operação. Em 2011, a empresa do grupo Vale chamada VLI Multimodal (Valor da Logística Integrada) começou a operar e a administrar o trecho de Açailândia/MA até Porto Nacional/TO.
Em 2019, sob o governo de Jair Bolsonaro, a RUMO venceu o novo leilão. Recebeu a concessão do trecho central da NTS. A extensão é de 1.537 km, que vai de Porto Nacional/TO a Estrela D´Oeste/SP, e o contrato é de 30 anos. A previsão é que a operação esteja com força total até 2021 e estima-se que a ferrovia (tanto na malha própria como na de terceiros) alcance uma movimentação total de 1,7 milhão de toneladas em 2020. Para 2055, a expectativa é de 22,7 milhões.
A nova concessão gerou uma série de questionamentos, pois o portal não prevê investimentos para o transporte de passageiros, mas somente de cargas.
Os benefícios da FNS
A Norte-Sul se tornou um grande projeto de integração nacional, porém os trechos que ligam o estado de São Paulo aos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram concluídos há apenas quatro anos. Além disso, somente os trens de teste estão circulando por essas regiões.
Os trechos que estão em operação tornam a FNS uma alternativa econômica para o transporte de cargas de longa distância e podem baratear o custo do transporte de cargas, uma vez que o volume de movimentação é muito maior do que o dos caminhões e permite mais agilidade na exportação de produtos brasileiros.
Quando estiver concluída, poderá potencializar ainda mais a circulação pelas principais linhas férreas. A possibilidade de cortar o país de norte a sul, interligando os grandes portos, aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Além disso pode estimular o desenvolvimento das indústrias de base, contribuir para o incentivo de investimentos na modernização da produção agrícola (o setor que mais utiliza o transporte ferroviário) e aumentar a geração de renda e a distribuição da riqueza nacional.
Dos planejados 4.500 km de trilhos, somente 1.575 foram construídos, não estão operando em sua totalidade. Ou seja, a “novela” que dura 30 anos ainda tem muita história pela frente.
Em resumo, parte do planejamento da FNS foi concluída até o momento. Porém, esperamos que a partir do ano que vem o projeto ganhe forças e passe a contribuir mais para o desenvolvimento econômico do país.
E aí, o que você acha? Será que a Ferrovia Norte-Sul vai mesmo ficar pronta? Deixe o seu comentário!